Não sou crítico de cinema nem especialista na sétima arte mas vou me atrever a fazer alguns comentários sobre um filme que assisti, dirigido por Woody Allen, de quem sou fã. Refiro-me à película - Para Roma Com Amor-.
Depois de arrefecer sua paixão por Nova York, Allen transferiu seus planos de cineasta para a Europa onde, entre outros filmes, fez Scoop- O Grande Furo, Vicky Barcelona e Meia Noite em Paris. Para Roma Com Amor foi baseado na obra Decamerão, de Boccacio. Não é o melhor trabalho do cineasta, que já ganhou 3 Oscars com o filme Noivo Neurótico, Noiva Nervosa - Annie Hall-, em 1977. Mesmo não sendo um grande filme, ele mantém vivo o estilo do autor com seu humor nonsense. Woody brinca com as circunstâncias que cria, humor inteligente, bem menos, é verdade, de outros filmes que produziu.
Na minha opinião, respeitando os contrários, uma comédia de Allen, mesmo fraca, é infinitamente melhor do que as produções medíocres, do gênero, que nos vem dos EUA e que não provocam risos.
No filme, a câmera do cinegrafista passeia por bairros menos conhecidos dos turistas, saindo do lugar comum que mostram os postais da Cidade Eterna.
Os temas de Woody Allen se repetem, mudando apenas os personagens, mas seu senso crítico, impregnado de acidez, chamou minha atenção neste filme que retrata a história de quatro casais e seus conflitos pessoais. Destaco a figura de Leopoldo (Roberto Begnini, de A Vida é Bela). Cidadão comum, vida banal, é confundido pela Mídia televisiva com um cineasta famoso.
Perseguido pelos repórteres, é conduzido à fama, efêmera, até a volta a sua vida normal. O assédio da imprensa, divulgando rotinas maçantes ao invadir sua privacidade, tais como o que ele come no café da manhã, como se barbeia, fazendo perguntas tolas e ridículas, são um prato cheio para o cineasta exercer sua crítica, parodiando a Mídia, preocupada apenas com índices de audiência. Para mim, foi ponto mais interessante do filme no qual Begnini (Leopoldo) é excluído de sua condição de famoso no momento em que outro alvo entra em cena para substituí-lo.
Finalizando acho que, mesmo em menor grau, o lirismo, a ironia e o humor continuam presentes na obra de Woody Allen, mesmo aos 76 anos de idade.