No período em que permaneço em Garopaba, sempre tiro uma madrugada para fotos. Foi o que aconteceu neste mês de Fevereiro.Caminhei por ruas desertas em direção Centro Histórico. Lá chegando, sentei-me num dos degraus de pedra, junto aos barcos de pesca. Enquanto aguardava a chegada do astro-rei, ocorreu um fato que me chamou atenção. Um cão, de pelagem negra, desceu as escadas, e, à beira-mar e começou a uivar, fazendo movimentos com a cabeça em postura semelhante a um lobo. Intercalava seus latidos com pequenas corridas em círculo, olhando em minha direção. Parecia fazer um apelo. Eu era a única pessoa presente ali, naquela hora.Depois, subiu os degraus, olhou para mim e desceu novamente, repetindo aqueles gestos.
Não sou muito afetivo com cães, por temor de que mordam, principalmente quando caminho nos parques de Porto Alegre. Aquele,entretanto,despertou minha curiosidade e confiança, quanto a sua mansidão. Pensei, no momento, o que o levaria a agir assim. Se o seu dono, um pescador embarcara para colher o fruto de seu trabalho ou se não mais regressara por alguma fatalidade. Fiquei comovido, quando ele, cansado, subiu as escadas de pedra e colocou-se ao meu lado, olhando para o mar. Depois, deitou-se, permitindo que o fotografasse, o que fiz. Não consegui saber a razão de seu comportamento mas, considerei-o um companheiro de espera pelo nascer do sol. Desejei, ao retirar-me que, se a razão de sua espera devia-se à volta de seu dono, que isso acontecesse, pois seria um momento mágico que não consegui registrar.
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