sexta-feira, 16 de julho de 2010

Impressões





Em toda viagem, além da beleza com que nos deparamos, surpreende-nos o novo, despertando atenção e curiosidade. Assim foi a visão que tivemos de Portugal, tão distante e ao mesmo tempo tão próxima de nós, pela identidade histórica e pela semelhança no idioma. Lisboa, menor que nossa “Portinho”, é uma cidade privilegiada por sua situação geográfica.
A travessia do rio Tejo, feita em barco moderno e confortável, está integrada ao sistema de transporte coletivo e leva passageiros a Barreiro e Almada, cidades localizadas na outra margem. Durante o passeio de barco, lembrei de um velho projeto para a travessia do Guaíba, até hoje não concretizado. O transporte urbano de Lisboa revela planejamento, o que facilita a vida dos lisboetas que dele dependem. Ônibus limpos e rápidos, pontos de parada distribuídos de forma racional, pistas de rolamento exclusivas apenas nos locais necessários, túneis com permissão restrita a veículos de pequeno e médio porte, são algumas das peculiaridades que amenizam os congestionamentos nas vias urbanas da cidade.
No tocante à comunicação com os portugueses, ocorreu alguma dificuldade no entendimento de sua fala, logo superado. Eles nos entendem bem. Nós, em algumas ocasiões, sentimos dificuldades, pelo fato de a pronúncia portuguesa ser mais fechada, dando a impressão de que não mexem os lábios ao falar, o que não impediu o entendimento.
Os preços, na Europa, não são acessíveis aos brasileiros. Portugal importa a maioria do que consome, 80%, segundo uma fonte. O salário mínimo é quase o dobro do nosso, mas seu poder de compra é inferior ao do nosso país. A habitação em Lisboa é um dos itens que mais pesa no orçamento doméstico. A locação é onerosa, obrigando os habitantes a buscar alternativas nas cidades próximas, como Almada, Barreiro ou Sintra. Com a diversidade do transporte (ônibus, trem e barcos), isso não chega a ser um problema. Quase não vimos mendigos ao transitarmos pelo centro da capital. A crise financeira está afetando alguns países europeus, obrigando os governos a editar medidas restritivas ao consumo, com a retirada de parcelas até então integrantes dos salários. Com o desemprego, instituições sociais e ONGs procuram atenuar os efeitos, oferecendo cestas-básicas e refeições para os mais carentes. Os critérios é que são diferentes daqueles praticados no Brasil, pois os assistidos são motivados a prestar serviço voluntário em troca dos benefícios recebidos, evitando o assistencialismo paternalista e a ociosidade entre os desempregados, até conquistarem nova ocupação.
A vida noturna em Lisboa é intensa, principalmente nos fins de semana. Quando lá estivemos, o Parque Bela Vista recebeu o Rock in Rio, com grandes nomes da música popular, como Shakira, Elton John e a nossa Ivete Sangalo. Um local que merece ser visitado à noite, junto a uma marina à beira do Tejo é "Docas de Alcântara". Antigos galpões foram transformados em sofisticados barzinhos e danceterias, que são uma opção para bebericar e curtir aquele ambiente. Adultos, jovens e crianças circulam em calçadão bem iluminado, onde a segurança é uma tônica. Com exceção das Docas, se o turista desejar algum local com música ao vivo terá que optar por uma das casas de Fado, como o Clube de Fado, junto à Sé Catedral, no bairro Alfama. É o gênero musical mais cultivado pelos portugueses.
Ao encerrar meus textos sobre Portugal, postei mais algumas fotos: Docas de Alcântara, flores junto ao Palácio da Pena, Café Martinho da Arcada, outrora freqüentado por Fernando Pessoa, Cesário Verde, Saramago e outros intelectuais portugueses, uma vista do Castelo de São Jorge e outra de Cascais.

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